Artigo do Seminarista

                                     

Vocação, um Compromisso com o Reino.



Deus, em seu infinito amor de Pai criou o céu e a terra e tudo o quanto esta precisava para se tornar o paraíso onde pudéssemos habitar como nos fala o autor do livro do Gênesis ao narrar o relato da criação: uma relação de amor entre Deus e o homem. Assim como Deus criou céu e terra, ele criou também o homem para habitá-la e, assim, cuidar da sua criação, porém ao quebrar a aliança com o Criador, isto é, ao se tornarem desobedientes, o homem e a mulher acabam tendo medo e vergonha de Deus e, por esse motivo, se esconde para não ser visto, rompendo a aliança. Deus chama pelo nome mesmo quando percebe que a sua maior obra quebra esta aliança para com Ele. É como que, depois de o oleiro ter moldado o seu lindo vaso, este se rompesse em suas próprias mãos.
            Assim acontece ainda hoje, Deus continua chamando homens e mulheres para permanecer com Ele no seu santo serviço, quer dizer, na propagação do seu Reino, porém, muitas vezes, ainda adotamos aquele método secular que Adão usou para se esconder da presença de Deus. Contudo, Ele nos chama incessantemente: onde estás? A vocação de cada homem deriva desse chamado, primeiramente a existir como criatura amada e criada e, consequentemente, na resposta que se dá de coração livre à pergunta do criador: onde estas? A vocação se torna a partir daí um perceber que existimos e que existimos para um determinado fim, caso contrario, Ele não teria nos chamado. Somente quando o homem é livre do seu próprio “esconderijo”, ele é capaz de responder a essa pergunta, onde estás?
 Desta forma, tornar-se-á mais fácil encontrar um sentido para vida, uma vez que, deixando de se esconder, ele passa a existir transparente e, verdadeiramente, na presença de Deus, podendo responder livremente: aqui estou Senhor com toda minha nudez, porém desejoso de revestir-me da tua graça. Eis a resposta que cada homem deve dar a Deus quando chamado a fazer parte do seu projeto de salvação. Ter vocação é ter essa coragem de responder sim a Deus, não obstante à nossa “nudez de espírito” e mesmo quando a cultura do provisório nos desanimar na caminhada. Assumir a vocação é antes de tudo corresponder ao apelo de Deus, nos entregando totalmente ao serviço para o qual fomos chamados, assim como fizera André, Filipe, Simão, Levi e tantos outros que deixaram tudo para segui-Lo. Esse chamado do mestre “vem e segue-me” nos interpela e nos coloca em uma situação radical diante do inesperado convite, pois não basta apenas escutar o chamado, mas deve-se levar também em conta a resposta que queremos dar, ou seja, cabe àquele que é chamado, viver numa atitude de prontidão diante do convite já que este é radical, exigente e determinante na caminhada daqueles que são chamados a uma missão específica.

Portanto, vocação não é somente o chamado de Deus e a resposta do homem é muito mais que esse chamado sucedido de um sim, vai muito além, é sentir-se convidado e, numa atitude de liberdade, estar disposto a dar o melhor de si para a edificação do Reino de Deus. Vocação é ter coragem, esperança e confiança, como nos alertou o Papa Francisco nas entrelinhas de suas homilias na JMJ, no Rio de Janeiro; Vocação é ter a coragem que teve São Francisco, Irmã Dulce e tantos outros que mesmo em meio às dificuldades, souberam testemunhar Jesus Cristo com suas próprias vidas. É sentir-se amado e chamado por Ele a sairmos de nós mesmos, do nosso comodismo e sermos sensíveis às necessidades do nosso tempo, da nossa época, sendo assim, um colaborador especial nas pequenas e grandes urgências que a vida nos apresenta.  





Seminarista Edmilson Pereira



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